quarta-feira, 12 de março de 2008

ESTE ESTÁ NO JORNAL ALAGOAS EM TEMPO

“SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO”
Geraldo Câmara


A famosa frase de Shakespeare em Hamlet, tem atormentado a cabeça de muita gente nas Alagoas. Gente que poderia nadar em águas azuis e se depara a cada instante com as águas escuras e enlameadas do mar que invade este estado.
Que exemplo terrível estão tendo os filhos de hoje vendo pais, avós, tios e até mães, enredados nas teias incríveis de uma corrupção avassaladora que derruba consciências, não vê os meios para chegar aos fins, não vê cara e nem coração.
O que ocorre nos dias de hoje no Estado de Alagoas é mais ou menos similar ao corredor que treina diariamente e que não pode parar de treinar sob pena de ficar entrevado e fora do páreo. Parece que os que entraram na corrida da corrupção não enxergam mais os meios de parar, de dar um basta no que pode representar o pior dos futuros para a geração que se segue. E a coisa vai ficando tão feia que os ditos de Rui Barbosa – “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver os poderes agigantarem-se nas mãos dos maus chegamos a ter vergonha de sermos honestos” podem passar a ser usados pela minoria decente que habita esta terra.
Erros existem em todos os lugares e em todas as pessoas. Erros existem, e tantos, no colunista que aqui está, mas o mínimo de senso no sentido de buscar desenvolvimento racional para o lugar que nos dá o alimento há que existir.
Dia desses, conversando sobre matemática, pusemo-nos, eu e alguns amigos a calcular o quanto sobraria para investimentos, para causas sociais, para melhoria das cidades, para a saúde, para a educação e para um todo de necessidades deste povo, se as propinas desaparecessem, se a improbidade administrativa sumisse do mapa, se as licitações não tivessem preços superfaturados e se os homens e mulheres que legislam e administram este estado fossem maioria honesta e decente.
Algemas começam a fazer parte de um cotidiano absurdo e deixam de ser “privilégio” de ladrões de galinhas, de assaltantes de roupas no varal, para abocanharem pulsos de gente que jamais imaginara ter tão brilhante pulseira. O Ministério Público ganha em força e credibilidade quando toma para si o seu verdadeiro papel de defensor das causas coletivas. Brigar contra um estado de coisas que ninguém deseja tem sido a tônica deste MP moderno e eficiente que, junto a organismos como a Polícia Federal começa a desmantelar os narizes para cima de tantos e tantos que por aí estavam a surrupiar milhões deste povo sofrido.
A imprensa volta ao seu verdadeiro papel de informar bem e parte para a investigação, ajuda nas denúncias, impele o povo a desobedecer as regras do crime e a definir-se como um novo agente contra os corruptos do estado. Falta a ele, povo, reagir à corrupção eleitoral, fugir dos compradores de votos que só desejam lugares no poder para dele fazer mau uso e enriquecer ilicitamente.
Temos a certeza de que novos tempos estão surgindo e que a população alagoana começa a perceber que esta nova era é um presente do qual ela não pode prescindir. Porque, se, todos juntos, sociedade, Ministério Público, Justiça, imprensa e tantos mais começarem a unir seus elos em uma grande corrente, breve, muito breve, estaremos todos contrariando o velho Shakespeare e dizendo em alto e bom som: SER.
Ser honesto para conosco e para com todos.

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